segunda-feira, 29 de março de 2010

Gestores da Escola Municipal Desembargador Montenegro em ação pela cidadania

Abaixo recortes de textos dos gestores da Escola Municipal Desembargador Monte Negro, da cidade do Rio de Janeiro, 5a.CRE, situada à Rua Sd Servino Mengarda, altura do número 1086 da Avenida Vicente de Carvalho, em Vila Kosmos.



ESCOLA: ESPAÇO DE CONFLITO

Por Marília Fernandes dos Santos

Qual o papel da escola hoje?

Nos deparamos diante dos conflitos em que vivemos sem saber qual seria a real função da escola em nossa sociedade nos dias de hoje.

Quando nos colocamos como referencial refletindo sobre aquilo que julgamos ser importante na formação dos nossos filhos para que sejam pessoas bem sucedidas e com possibilidade de ascensão social é uma coisa, porém, quando pensamos numa escola para atender a todos, principalmente as pessoas oriundas de classes sociais menos favorecidas, passamos a nos envolver com outros tipos de desejos, ou seja, uma escola que não somente informe, mas que também eduque e prepare para uma vida melhor.

Falamos o tempo todo da importância de termos uma escola democrática, porém nos deparamos com a dificuldade de praticarmos a democracia.

Falamos o tempo todo da importância da paz mundial, porém nos deparamos com a dificuldade de termos atitudes de paz frente a tantas agressões.

Falamos de escola de qualidade para todos, mas temos dificuldade em definir aquilo que entendemos como escola de qualidade.

Falamos no papel que a escola tem que desempenhar na sociedade atual e não sabemos defini-lo.

Na verdade, parece que estamos num mundo de conflitos, perdidos entre aquilo que somos e o que realmente gostaríamos de ser, perdidos numa crise de identidade.

Estamos convivendo com mudanças rápidas e constantes e muitas vezes nos sentimos impotentes diante de novas tecnologias e aos poucos perdemos a nossa capacidade de armazenar e transmitir tantas informações frente a tantas transformações.

A escola, criada para ser a responsável pela transmissão de saberes não dá conta de tanta novidade em tão pequeno espaço de tempo.

A sociedade muda rapidamente e cada vez mais se acentua as desigualdades e a falta de oportunidade para os menos favorecidos. Vivemos numa sociedade capitalista onde os valores econômicos sobrepõem-se aos humanos. A era digital está a pleno vapor e milhões de famílias ainda não têm acesso a meios de comunicação simples como o rádio, televisão, telefone, jornais, o que torna a nossa sociedade cada vez mais excludente.

Diante desta realidade precisamos de uma escola democrática que permita o acesso e a permanência de todos que favoreça a igualdade de oportunidades e reduza a exclusão. Precisamos de uma escola de qualidade que realmente assegure a todos a formação, a ampliação de horizontes onde o aluno se perceba como um ser capaz de atuar e transformar a sociedade em que vivemos num lugar melhor.


ESCOLA E GESTÃO DEMOCRÁTICA

A escola como instituição foi construída ao longo do tempo, sofreu e sofre influências culturais e sociais de acordo com o contexto em que está inserida. Dessa forma, ela tem sido vista por alguns teóricos como uma reprodutora das classes dominantes da sociedade e serve a interesses políticos destas classes, o que contribui para que se torne antidemocrática e excludente.

A construção da democracia é um processo lento e deve começar dentro da própria escola. Daí a importância do gestor, a quem caberá dinamizar esta pratica.

A escola deve ser entendida antes de tudo como um espaço relacional onde se encontram pessoas de várias origens, com formação distinta, anseios e expectativas diferentes, culturas diversas. Assim, o diálogo e o respeito às diferenças devem ser à base desta construção.

De acordo com Paro (2007), a escola se organiza com base na distribuição de poder e autoridade - Diretor – Coordenador – professor – alunos. Esta estrutura hierárquica já demonstra as relações de poder existentes.

Ainda para outros autores, a escola ainda funciona como um sistema fechado e autocrático onde o saber está localizado no corpo docente ou nas premissas que o intelectual tem o saber-poder, quando na verdade, deveria ser um sistema aberto, pois abriga a diversidade e a pluralidade , principalmente da cultura local onde está inserida.

Vitor Paro, dentro da visão de que a escola é o lugar onde a pessoa se constrói enquanto ser histórico-cultural, entende que a escola do ensino fundamental tem duas dimensões:

A dimensão individual, onde o educando deve ser provido de saberes para que ele possa realizar o seu bem estar pessoal e a dimensão social, onde a escola prepara o educando para atuar na sociedade, isto é, onde o educando possa realizar o bem estar comum a todos.

Se analisarmos nossas escolas de hoje, percebemos que sua caminhada a distancia destas duas dimensões, pois ainda guarda em si estruturas que não contribuem para o seu crescimento democrático, pois continua tendo uma postura de mera reprodutora de interesses elitistas.

Dentre outras coisas fica presa a um currículo pouco flexível que privilegia conteúdos e ignora aspectos formativos, como a ética, valores humanos, violência, corrupção, que realmente levam a reflexão crítica e a transformação do educando. Preocupa-se em aprovar e reprovar ao invés de avaliar, em transmitir a refletir, em reproduzir a criar.

Neste momento em que vivemos grandes transformações, onde o surgimento de novas tecnologias são constantes, onde o tempo diminui frente a tantas novidades e facilidades, a escola precisa se repensar, precisa rever o seu fazer, o seu caminhar e adequar-se.

Que escola queremos realmente ter?

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 9.394/96, favoreceu a que as escolas se repensassem na medida em que permitiu que cada uma elaborasse e executasse a sua proposta pedagógica, dando uma flexibilidade maior para se organizar internamente e se adequar às peculiaridades locais.

Cabe ao gestor implementar esta inovação da Lei e criar um espaço para a construção coletiva, onde haja uma efetiva participação de todos aqueles que compõem a escola.

Reuniões e encontros sistemáticos devem acontecer propiciando a troca de experiências entre escola, família, aluno, comunidade, estabelecendo-se relações afetivas que permitam um olhar mútuo, onde todos possam manifestar seus desejos e possibilidades.

Esta construção coletiva passa a atender mais diretamente aos anseios de todos visto que todos podem ser ouvidos, principalmente as classes menos favorecidas, a qual a escola pública se destina.

Assim o gestor deve ser o administrador do bem comum, estimulando a participação de todos, adaptando currículos, espaço e tempo, construindo relações baseadas no diálogo, descobrindo potencialidades e valores.

De acordo com o Núcleo Curricular Básico da Multieducação (1996, p.63) “As dificuldades só podem ser vencidas com alianças e cumplicidade de todos os envolvidos num ambiente escolar que como todo ambiente vivo não deve se constituir em um lugar de imobilismo nem descrença.”


O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NA CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA DEMOCRÁTICA

Hoje, nossas escolas já começam a exercitar formas democráticas de organização, apesar de todo o seu processo histórico-cultural.

A Lei de Diretrizes e Bases abre as portas para que cada uma construa o seu Projeto Político Pedagógico. Esta construção permite o envolvimento de todos. Vozes se juntam para trocar informações, traçar objetivos, participar de decisões. Todos podem se envolver e se comprometer.

Por tratar-se de uma instituição social que lida com a formação de seres humanos, a escola de hoje deve estar bastante atenta e aberta aos anseios da sociedade e consciente de seus próprios objetivos.

Não é mais possível uma prática tradicional com currículo voltado para a pura transmissão de conhecimentos que privilegia apenas aos interesses das classes dominantes e dos bem sucedidos. O currículo deve estar contextualizado com os interesses de toda sociedade, propiciando aos estudantes oportunidades de aprendizagem condizentes com suas experiências. Os conteúdos devem ter linguagem adequada com conceitos aplicáveis à vida e refletidos de forma que leve o aluno a tornar-se crítico e agente de transformação do seu meio.

Entendendo que a escola concentra o heterogêneo, com pluralismo cultural, diversidade de interesses sociais e político precisamos buscar uma participação coletiva onde todos possam expressar-se de maneira democrática.

Para conhecer sua clientela a escola precisa desenvolver um processo de conscientização estabelecendo o diálogo como forma de descobrir valores, possibilidades e limitações, anseios e necessidades.

Fala-se muito em Projeto Político Pedagógico e de Planejamento Participativo, entretanto, na maioria das escolas, eles ficam no nível administrativo e teórico, muito longe do pedagógico. Estes são , entretanto, caminhos que devem ser conhecidos e trilhados pela escola para se chegar a um nível de qualidade que atenda a sociedade como um todo.

Para Vianna (2000) o planejamento educacional é uma atividade multidisciplinar que exige um trabalho integrado de vários profissionais. O êxito, realismo e valor deste planejamento dependem das equipes que o elaboram através da discussão e conciliação de diversos pontos de vista, dando a cada aspecto o valor real que possui dentro do contexto e não preferindo uns em detrimento de outros.

A escola deve iniciar resgatando a sua história e a sua identidade fazendo com que todo o processo de mudança pelo qual passou seja compreendido e relacionado com as mudanças pelas quais passou.

Revendo os caminhos percorridos a escola consegue entender melhor o seu funcionamento e criar laços com a comunidade, podendo transformar o presente com vistas a um futuro melhor.

Villas Boas (2005, p.182) diz que o Projeto Político Pedagógico “é um eterno diagnosticar, planejar, repensar, começar e recomeçar, analisar e avaliar”.

Para a construção do Projeto Político Pedagógico a escola passa necessariamente pelo planejamento participativo. O ponto de partida é ouvir a todos os que estão envolvidos com a escola: alunos, professores, coordenação e direção para diagnosticar a realidade de maneira consciente, consistente e autêntica. Somente assim poderemos saber exatamente que escola queremos e o que precisamos mudá-la para tê-la.


O PAPEL DO GESTOR NO PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO DA ESCOLA

O gestor escolar de hoje deve ser o principal articulador de mudanças. Ele deve conscientizar-se da importância do seu papel nesse processo de mudanças e inovação e envidar esforços que favoreçam o alcance de objetivos.

Já não cabe mais ao gestor o papel de gerenciamento puramente administrativo da escola. Ele deve estar na linha de frente do seu pedagógico articulando todos os recursos necessários ao seu funcionamento.

Conscientizando-se da importância do seu papel deverá junto com o seu grupo proceder a uma auto análise do funcionamento da unidade escolar diagnosticando e levantando necessidades, tendo sempre em vista importância de melhorar o nível de aprendizagem, reduzir a evasão e os índices de reprovação e outros problemas comuns a escola pública. A partir daí, sempre com a participação de todos, estabelecer recursos que poderá disponibilizar para tal, como por exemplo, os materiais didáticos, a adequação de horários e currículos, a utilização de atividades extra curriculares, devendo sempre estar estabelecendo relações constantes com seus atores.

Levantadas a necessidades e estabelecidos os recursos que serão utilizados parte-se para a ação que deverá ser acompanhada, avaliada, reformulada, tendo sempre em vista o alcance dos objetivos estabelecidos.

Embora se fale muito de um processo democrático, a implantação deste não é fácil, pois é preciso mudanças de paradigmas que estão arraigados em nossa prática, tanto nos profissionais de educação, quanto nas comunidades.

Toda mudança gera medo e insegurança, o que muitas vezes nos faz desistir de novos investimentos.

O gestor deve estar disposto a resistir às muitas dificuldades que surgirão. Usando sua posição de líder deve envolver sua comunidade com propostas de participação, não bastando apenas trazê-los eventualmente, mas tê-los constantemente em atuação efetiva, tendo em vista o bem comum e a importância desta participação para a transformação da escola e da sociedade.

Envolvendo sua comunidade todos se sentirão responsáveis pelo desenrolar do processo, sentindo-se parte atuante e integrante do processo, onde todos se perceberão como seres históricos capazes de transformar.

Dessa forma, a escola deixará de ser um espaço fechado e passará a ser um espaço de diálogo, de transformação e de crescimento.

Existem muitas formas de trazer a comunidade a participar e a envolver-se com as atividades escolares, dentre eles a criação de grêmios e conselhos escolares.



CONSELHO ESCOLAR:



O Conselho Escola Comunidade – CEC ,foi instituído na Rede Pública Municipal do Rio de Janeiro através da Resolução nº 212, de 24/08/84, pela portaria 129/86/E-DGDE, de 19/12/86. É uma sociedade civil, sem fins lucrativos, regida por estatuto próprio.

Seu principal objetivo é incrementar o processo de democratização escolar, partindo do entrosamento entre a escola e a comunidade.

Participam do Conselho Escola Comunidade, membros do corpo docente, corpo discente, funcionários, responsáveis e um representante da associação de moradores.

Em reunião geral são escolhidos os candidatos a representantes. Em seguida, inicia o processo eleitoral. Cada candidato faz a sua campanha junto ao seu segmento e é feita a votação, por voto secreto, em urnas distintas. São três dias de votação para que haja oportunidade para que todos possam votar.

Os candidatos eleitos por maioria de voto são empossados em seus cargos e é feita Ata de registro junto ao cartório. O mandato do grupo é de dois anos podendo haver a reeleição.

A implantação do Conselho Escolar , proporcionou a participação mais efetiva de todos os segmentos em decisões, inclusive administrativas, e levou à criação de uma identidade sólida onde todos sabem qual a sua missão, tornando a escola mais autônoma e de qualidade e adequada aos interesses sociais. Estes conselhos possuem funções consultivas, deliberativas e fiscalizadoras. Através de seus representantes é feito o gerenciamento de verbas que são empregadas de acordo com a necessidade e prioridades estabelecidas pelo grupo. Além disso, favorecem ao entrosamento dos diversos segmentos escolares estabelecendo-se ações conjuntas.

Uma escola gerenciada de forma democrática torna-se uma escola formadora de cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres.

Com os Conselhos Escolares fortalecidos, a escola passa a atuar pelos seus alunos, professores, funcionários e pela sua comunidade, ou seja, a escola passa a ser um efetivo agente de transformação constituindo uma sociedade mais justa.

A escola é de todos quando integra ações de todos em prol do coletivo.


DA TEORIA A PRÁTICA: REFLEXÃO E AÇÃO DE UMA GESTORA

Em 13 de julho de 1998, a Prefeitura do Rio de Janeiro, através da sua Secretaria de Educação, criou a função de Coordenador Pedagógico. Este foi um momento de desafio e também um grande passo para que as escolas se repensassem.

Neste ano ingressei como professora regente de uma classe de alfabetização na Escola Municipal Desembargador Montenegro, localizada na Vila Kosmos, no Rio de Janeiro, escola vinculada a 5ª Coordenadoria Regional de Educação.

Nesta época, a escola era de primeiro segmento do ensino fundamental, que atendia e atende ainda a crianças provenientes do Morro da Fé, Morro do Trem, Morro do Juramento, Conjunto Residencial do IPASE e adjacências.

São crianças de nível sócio-econômico baixo e com poucas oportunidades. Suas famílias sobrevivem de sub- empregos, sendo numerosas e carentes em todos os aspectos.

Naquela época, o prédio escolar apresentava sinais de agressões como pichações, depredações diversas e servia de depósito de lixo para os moradores da localidade.

O grupo de professores era pouco integrado e havia rivalidade entre eles, que se agrupavam por série.

Com a introdução do novo cargo veio também a exigência de se construir o Projeto Político Pedagógico.

Na elaboração do projeto a Coordenadora utilizou como base teórica o autor Danilo Gandim, dentre outros e ficou definido sobre três pilares: Marco situacional, Marco Doutrinal e Marco Operativo.

O Marco situacional descreve a realidade da escola.

Neste momento a escola ficou caracterizada como possuidora de alunos de classes populares, com pouco acesso a língua escrita e com professores detentores de bom potencial e que percebem a educação como deficitária, porém, todos acreditam que somente pela educação é que se poderá tornar a nossa sociedade mais justa.

O Marco Doutrinal nos diz como devemos agir para transformar a realidade que temos na realidade que desejamos ter.

Neste marco o homem foi colocado como sendo o elemento fundamental. Caberia a escola preparar este homem para atuar na sociedade. Para isso o professor deveria partir da realidade do aluno e trabalhar de forma criativa, prazerosa, sedutora e dinâmica.

O Marco Operativo é o que orienta a realização da ação.

Aqui se evidencia a necessidade de que todos trabalhassem de forma integrada, onde todos estivessem comprometidos com sua comunidade e com a dignidade humana.

Com a introdução do Projeto Político Pedagógico as primeiras articulações começaram a ocorrer. As reuniões promovidas com os diversos segmentos propiciaram uma maior aproximação entre as pessoas.

Na elaboração do projeto ficou evidente que nossos alunos tinham pouco acesso à leitura e a escrita e que precisariam de maior estímulo por parte dos professores.

Estes, entretanto, apesar do grande potencial que possuíam não o empregavam para buscar formas alternativas de trabalhos e a investir em novas metodologias. Ficavam presos a práticas tradicionais e utilizavam instrumentos como provas e testes para verificar a aprendizagem.

Apesar de terem definido que era função da escola formar pessoas íntegras e críticas para poderem atuar e modificar a sociedade, poucos investimentos foram feitos neste sentido.

Após todos os dados serem levantados e várias discussões terem acontecido com a participação dos vários segmentos o texto do projeto foi elaborado seguindo todas as orientações e submetido a apreciação do grupo que o aprovou.

Ao final de um ano de trabalho observamos que não houve acompanhamento dos objetivos propostos o grupo de professores ficou envolvido com sub- projetos que iniciavam e terminavam sem que houvesse uma articulação entre sub-projeto/ objetivos/ projeto.

Devido a falta de dinamização, acompanhamento e avaliação o Projeto Político Pedagógico da escola tornou-se mais um documento engavetado construído apenas com o objetivo de cumprir uma exigência de Secretaria Municipal de Educação.

Em 2001 assumi a direção da escola pelo processo de consulta a comunidade. Retomei o projeto. Fizemos uma nova análise do projeto e estabelecemos novos objetivos para que ele funcionasse, visto que ainda tínhamos a mesma realidade e os mesmos ideais.

Iniciamos resgatando a história da escola com o sub- projeto “Uma história de amor a Desembargador Montenegro”.


Através do Conselho Escola Comunidade, do Grêmio Estudantil e dos representantes de turmas (alunos e responsáveis) iniciamos o trabalho de resgate. Todos se empenharam em pesquisar dados sobre a escola, buscando a história do patrono, entrando em contato com ex-alunos, ex-professores e recolhendo objetos, fotos e relatos do passado, organizando encontros e entrevistas e em novembro, mês de fundação da escola, quando foi feita a culminância do projeto com a festa de aniversário sob o tema “Escola Municipal Desembargador Montenegro, 50 anos formando cidadãos”.

Nos anos seguintes o resgate continuou através dos sub-projetos “Uma Bandeira para a Desembargador Montenegro” e “Um hino de amor a Desembargador Montenegro”, onde o nosso principal objetivo era do de fortalecer laços e a identidade da escola.

Observamos nestes anos uma mudança radical com relação ao prédio escolar e com a disciplina dos alunos. A escola se tornou um ambiente agradável, limpo e bonito.

Esta trajetória, porém, não ajudou a reverter às estatísticas.

O índice de reprovação continuava alto, trinta por cento e era corroborado por grande número de alunos de baixa freqüência e evasão. Investimos muito na valorização da escola e pouco na valorização do aluno.

Precisávamos rever nosso caminhar, traçar novos objetivos, novas estratégias, uma maneira de atrair e manter nossos alunos na escola.

Então, contando com o Projeto Amigos da Escola, buscamos várias parcerias. Contatamos com ex-professores, ex-funcionários, professores aposentados, responsáveis por alunos para serem dinamizadores de uma série de oficinas, que variávamos ao longo do ano, como natação, dança, futebol, bijuteria, artesanato, xadrez, dama, pipas.

Introduzimos ainda reuniões periódicas com o grêmio, o Conselho Escola Comunidade e representantes de turma que trabalharam como divulgadores e incentivadores das oficinas.

Estas ações foram fundamentais para o estreitamento das relações entre todos os integrantes da escola.

Apesar destes investimentos, que os alunos adoraram, ainda sentíamos que precisávamos de algo mais.

Surge, então, o projeto “Ler e Escrever: o nosso desafio”.

Ainda nos utilizando dos Amigos da Escola começamos com rodas de leitura para os pais e alunos.

Utilizamos professores de apoio à alfabetização e a professora de sala de leitura para dinamizar leituras. As professoras introduziram a leitura semanal de livros para seus alunos.

Em 2005, primeiro ano do projeto Ler e Escrever, a escola passou de vinte e nove por cento de reprovação para vinte e seis por cento. No ano seguinte, 2006 para vinte por cento e, em 2007, terceiro ano do projeto, para onze por cento.

Acreditamos que estamos no caminho certo e nossa meta para 2008 é reduzirmos ainda mais este percentual.

CONSIDERAÇÕES:

Na atual sociedade, onde a diversidade e o pluralismo cultural são enormes, com certeza não existirão duas escolas iguais. Por isso, não se pode conceber uma escola sem autonomia e sem gestão democrática, pois estas garantirão a construção de um projeto político pedagógico, que guarda em si toda a singularidade e particularidades da escola e da comunidade na qual está inserida.

Sensibilizar e conscientizar, integrar e dividir responsabilidades, estabelecer diálogo claro com a comunidade levantando-se as deficiências existentes e incentivando uma ação comunitária serão sempre os princípios que nortearão a construção de um projeto político pedagógico e de uma escola democrática que eu com certeza garantirão um ensino de qualidade.

BIBLIOGRAFIA

FREIRE, Paulo. Política e Educação. 6ª edição. São Paulo. Cortez editora. 2001



PARO, Vitor Henrique. Gestão Escolar, Democracia e Qualidade de Ensino. São Paulo.Editora Ática.2007.



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RIO DE JANEIRO (RJ). Secretaria Municipal de Educação. Multieducação: Núcleo Curricular Básico. Editora Rio Cidade Maravilhosa. 1996.



VIEIRA, Sofia Lerche (org.). Gestão da Escola: Desafios a Enfrentar.Rio de Janeiro. DP&A editora. 2002.



VEIGA, Ilma Passos e RESENDE, Lúcia Maria (org.). Escola: Espaço DO Projeto Político- Pedagógico. 9ª edição. São Paulo. Papirus editora. 2005.



VEIGA, Ilma Passos. Projeto Político Pedagógico da Escola: Uma Construção Possível. 2ª edição. São Paulo. Papirus editora. 2001.

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