segunda-feira, 29 de março de 2010

Gestores da Escola Municipal Desembargador Montenegro em ação pela cidadania

Abaixo recortes de textos dos gestores da Escola Municipal Desembargador Monte Negro, da cidade do Rio de Janeiro, 5a.CRE, situada à Rua Sd Servino Mengarda, altura do número 1086 da Avenida Vicente de Carvalho, em Vila Kosmos.



ESCOLA: ESPAÇO DE CONFLITO

Por Marília Fernandes dos Santos

Qual o papel da escola hoje?

Nos deparamos diante dos conflitos em que vivemos sem saber qual seria a real função da escola em nossa sociedade nos dias de hoje.

Quando nos colocamos como referencial refletindo sobre aquilo que julgamos ser importante na formação dos nossos filhos para que sejam pessoas bem sucedidas e com possibilidade de ascensão social é uma coisa, porém, quando pensamos numa escola para atender a todos, principalmente as pessoas oriundas de classes sociais menos favorecidas, passamos a nos envolver com outros tipos de desejos, ou seja, uma escola que não somente informe, mas que também eduque e prepare para uma vida melhor.

Falamos o tempo todo da importância de termos uma escola democrática, porém nos deparamos com a dificuldade de praticarmos a democracia.

Falamos o tempo todo da importância da paz mundial, porém nos deparamos com a dificuldade de termos atitudes de paz frente a tantas agressões.

Falamos de escola de qualidade para todos, mas temos dificuldade em definir aquilo que entendemos como escola de qualidade.

Falamos no papel que a escola tem que desempenhar na sociedade atual e não sabemos defini-lo.

Na verdade, parece que estamos num mundo de conflitos, perdidos entre aquilo que somos e o que realmente gostaríamos de ser, perdidos numa crise de identidade.

Estamos convivendo com mudanças rápidas e constantes e muitas vezes nos sentimos impotentes diante de novas tecnologias e aos poucos perdemos a nossa capacidade de armazenar e transmitir tantas informações frente a tantas transformações.

A escola, criada para ser a responsável pela transmissão de saberes não dá conta de tanta novidade em tão pequeno espaço de tempo.

A sociedade muda rapidamente e cada vez mais se acentua as desigualdades e a falta de oportunidade para os menos favorecidos. Vivemos numa sociedade capitalista onde os valores econômicos sobrepõem-se aos humanos. A era digital está a pleno vapor e milhões de famílias ainda não têm acesso a meios de comunicação simples como o rádio, televisão, telefone, jornais, o que torna a nossa sociedade cada vez mais excludente.

Diante desta realidade precisamos de uma escola democrática que permita o acesso e a permanência de todos que favoreça a igualdade de oportunidades e reduza a exclusão. Precisamos de uma escola de qualidade que realmente assegure a todos a formação, a ampliação de horizontes onde o aluno se perceba como um ser capaz de atuar e transformar a sociedade em que vivemos num lugar melhor.


ESCOLA E GESTÃO DEMOCRÁTICA

A escola como instituição foi construída ao longo do tempo, sofreu e sofre influências culturais e sociais de acordo com o contexto em que está inserida. Dessa forma, ela tem sido vista por alguns teóricos como uma reprodutora das classes dominantes da sociedade e serve a interesses políticos destas classes, o que contribui para que se torne antidemocrática e excludente.

A construção da democracia é um processo lento e deve começar dentro da própria escola. Daí a importância do gestor, a quem caberá dinamizar esta pratica.

A escola deve ser entendida antes de tudo como um espaço relacional onde se encontram pessoas de várias origens, com formação distinta, anseios e expectativas diferentes, culturas diversas. Assim, o diálogo e o respeito às diferenças devem ser à base desta construção.

De acordo com Paro (2007), a escola se organiza com base na distribuição de poder e autoridade - Diretor – Coordenador – professor – alunos. Esta estrutura hierárquica já demonstra as relações de poder existentes.

Ainda para outros autores, a escola ainda funciona como um sistema fechado e autocrático onde o saber está localizado no corpo docente ou nas premissas que o intelectual tem o saber-poder, quando na verdade, deveria ser um sistema aberto, pois abriga a diversidade e a pluralidade , principalmente da cultura local onde está inserida.

Vitor Paro, dentro da visão de que a escola é o lugar onde a pessoa se constrói enquanto ser histórico-cultural, entende que a escola do ensino fundamental tem duas dimensões:

A dimensão individual, onde o educando deve ser provido de saberes para que ele possa realizar o seu bem estar pessoal e a dimensão social, onde a escola prepara o educando para atuar na sociedade, isto é, onde o educando possa realizar o bem estar comum a todos.

Se analisarmos nossas escolas de hoje, percebemos que sua caminhada a distancia destas duas dimensões, pois ainda guarda em si estruturas que não contribuem para o seu crescimento democrático, pois continua tendo uma postura de mera reprodutora de interesses elitistas.

Dentre outras coisas fica presa a um currículo pouco flexível que privilegia conteúdos e ignora aspectos formativos, como a ética, valores humanos, violência, corrupção, que realmente levam a reflexão crítica e a transformação do educando. Preocupa-se em aprovar e reprovar ao invés de avaliar, em transmitir a refletir, em reproduzir a criar.

Neste momento em que vivemos grandes transformações, onde o surgimento de novas tecnologias são constantes, onde o tempo diminui frente a tantas novidades e facilidades, a escola precisa se repensar, precisa rever o seu fazer, o seu caminhar e adequar-se.

Que escola queremos realmente ter?

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 9.394/96, favoreceu a que as escolas se repensassem na medida em que permitiu que cada uma elaborasse e executasse a sua proposta pedagógica, dando uma flexibilidade maior para se organizar internamente e se adequar às peculiaridades locais.

Cabe ao gestor implementar esta inovação da Lei e criar um espaço para a construção coletiva, onde haja uma efetiva participação de todos aqueles que compõem a escola.

Reuniões e encontros sistemáticos devem acontecer propiciando a troca de experiências entre escola, família, aluno, comunidade, estabelecendo-se relações afetivas que permitam um olhar mútuo, onde todos possam manifestar seus desejos e possibilidades.

Esta construção coletiva passa a atender mais diretamente aos anseios de todos visto que todos podem ser ouvidos, principalmente as classes menos favorecidas, a qual a escola pública se destina.

Assim o gestor deve ser o administrador do bem comum, estimulando a participação de todos, adaptando currículos, espaço e tempo, construindo relações baseadas no diálogo, descobrindo potencialidades e valores.

De acordo com o Núcleo Curricular Básico da Multieducação (1996, p.63) “As dificuldades só podem ser vencidas com alianças e cumplicidade de todos os envolvidos num ambiente escolar que como todo ambiente vivo não deve se constituir em um lugar de imobilismo nem descrença.”


O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NA CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA DEMOCRÁTICA

Hoje, nossas escolas já começam a exercitar formas democráticas de organização, apesar de todo o seu processo histórico-cultural.

A Lei de Diretrizes e Bases abre as portas para que cada uma construa o seu Projeto Político Pedagógico. Esta construção permite o envolvimento de todos. Vozes se juntam para trocar informações, traçar objetivos, participar de decisões. Todos podem se envolver e se comprometer.

Por tratar-se de uma instituição social que lida com a formação de seres humanos, a escola de hoje deve estar bastante atenta e aberta aos anseios da sociedade e consciente de seus próprios objetivos.

Não é mais possível uma prática tradicional com currículo voltado para a pura transmissão de conhecimentos que privilegia apenas aos interesses das classes dominantes e dos bem sucedidos. O currículo deve estar contextualizado com os interesses de toda sociedade, propiciando aos estudantes oportunidades de aprendizagem condizentes com suas experiências. Os conteúdos devem ter linguagem adequada com conceitos aplicáveis à vida e refletidos de forma que leve o aluno a tornar-se crítico e agente de transformação do seu meio.

Entendendo que a escola concentra o heterogêneo, com pluralismo cultural, diversidade de interesses sociais e político precisamos buscar uma participação coletiva onde todos possam expressar-se de maneira democrática.

Para conhecer sua clientela a escola precisa desenvolver um processo de conscientização estabelecendo o diálogo como forma de descobrir valores, possibilidades e limitações, anseios e necessidades.

Fala-se muito em Projeto Político Pedagógico e de Planejamento Participativo, entretanto, na maioria das escolas, eles ficam no nível administrativo e teórico, muito longe do pedagógico. Estes são , entretanto, caminhos que devem ser conhecidos e trilhados pela escola para se chegar a um nível de qualidade que atenda a sociedade como um todo.

Para Vianna (2000) o planejamento educacional é uma atividade multidisciplinar que exige um trabalho integrado de vários profissionais. O êxito, realismo e valor deste planejamento dependem das equipes que o elaboram através da discussão e conciliação de diversos pontos de vista, dando a cada aspecto o valor real que possui dentro do contexto e não preferindo uns em detrimento de outros.

A escola deve iniciar resgatando a sua história e a sua identidade fazendo com que todo o processo de mudança pelo qual passou seja compreendido e relacionado com as mudanças pelas quais passou.

Revendo os caminhos percorridos a escola consegue entender melhor o seu funcionamento e criar laços com a comunidade, podendo transformar o presente com vistas a um futuro melhor.

Villas Boas (2005, p.182) diz que o Projeto Político Pedagógico “é um eterno diagnosticar, planejar, repensar, começar e recomeçar, analisar e avaliar”.

Para a construção do Projeto Político Pedagógico a escola passa necessariamente pelo planejamento participativo. O ponto de partida é ouvir a todos os que estão envolvidos com a escola: alunos, professores, coordenação e direção para diagnosticar a realidade de maneira consciente, consistente e autêntica. Somente assim poderemos saber exatamente que escola queremos e o que precisamos mudá-la para tê-la.


O PAPEL DO GESTOR NO PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO DA ESCOLA

O gestor escolar de hoje deve ser o principal articulador de mudanças. Ele deve conscientizar-se da importância do seu papel nesse processo de mudanças e inovação e envidar esforços que favoreçam o alcance de objetivos.

Já não cabe mais ao gestor o papel de gerenciamento puramente administrativo da escola. Ele deve estar na linha de frente do seu pedagógico articulando todos os recursos necessários ao seu funcionamento.

Conscientizando-se da importância do seu papel deverá junto com o seu grupo proceder a uma auto análise do funcionamento da unidade escolar diagnosticando e levantando necessidades, tendo sempre em vista importância de melhorar o nível de aprendizagem, reduzir a evasão e os índices de reprovação e outros problemas comuns a escola pública. A partir daí, sempre com a participação de todos, estabelecer recursos que poderá disponibilizar para tal, como por exemplo, os materiais didáticos, a adequação de horários e currículos, a utilização de atividades extra curriculares, devendo sempre estar estabelecendo relações constantes com seus atores.

Levantadas a necessidades e estabelecidos os recursos que serão utilizados parte-se para a ação que deverá ser acompanhada, avaliada, reformulada, tendo sempre em vista o alcance dos objetivos estabelecidos.

Embora se fale muito de um processo democrático, a implantação deste não é fácil, pois é preciso mudanças de paradigmas que estão arraigados em nossa prática, tanto nos profissionais de educação, quanto nas comunidades.

Toda mudança gera medo e insegurança, o que muitas vezes nos faz desistir de novos investimentos.

O gestor deve estar disposto a resistir às muitas dificuldades que surgirão. Usando sua posição de líder deve envolver sua comunidade com propostas de participação, não bastando apenas trazê-los eventualmente, mas tê-los constantemente em atuação efetiva, tendo em vista o bem comum e a importância desta participação para a transformação da escola e da sociedade.

Envolvendo sua comunidade todos se sentirão responsáveis pelo desenrolar do processo, sentindo-se parte atuante e integrante do processo, onde todos se perceberão como seres históricos capazes de transformar.

Dessa forma, a escola deixará de ser um espaço fechado e passará a ser um espaço de diálogo, de transformação e de crescimento.

Existem muitas formas de trazer a comunidade a participar e a envolver-se com as atividades escolares, dentre eles a criação de grêmios e conselhos escolares.



CONSELHO ESCOLAR:



O Conselho Escola Comunidade – CEC ,foi instituído na Rede Pública Municipal do Rio de Janeiro através da Resolução nº 212, de 24/08/84, pela portaria 129/86/E-DGDE, de 19/12/86. É uma sociedade civil, sem fins lucrativos, regida por estatuto próprio.

Seu principal objetivo é incrementar o processo de democratização escolar, partindo do entrosamento entre a escola e a comunidade.

Participam do Conselho Escola Comunidade, membros do corpo docente, corpo discente, funcionários, responsáveis e um representante da associação de moradores.

Em reunião geral são escolhidos os candidatos a representantes. Em seguida, inicia o processo eleitoral. Cada candidato faz a sua campanha junto ao seu segmento e é feita a votação, por voto secreto, em urnas distintas. São três dias de votação para que haja oportunidade para que todos possam votar.

Os candidatos eleitos por maioria de voto são empossados em seus cargos e é feita Ata de registro junto ao cartório. O mandato do grupo é de dois anos podendo haver a reeleição.

A implantação do Conselho Escolar , proporcionou a participação mais efetiva de todos os segmentos em decisões, inclusive administrativas, e levou à criação de uma identidade sólida onde todos sabem qual a sua missão, tornando a escola mais autônoma e de qualidade e adequada aos interesses sociais. Estes conselhos possuem funções consultivas, deliberativas e fiscalizadoras. Através de seus representantes é feito o gerenciamento de verbas que são empregadas de acordo com a necessidade e prioridades estabelecidas pelo grupo. Além disso, favorecem ao entrosamento dos diversos segmentos escolares estabelecendo-se ações conjuntas.

Uma escola gerenciada de forma democrática torna-se uma escola formadora de cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres.

Com os Conselhos Escolares fortalecidos, a escola passa a atuar pelos seus alunos, professores, funcionários e pela sua comunidade, ou seja, a escola passa a ser um efetivo agente de transformação constituindo uma sociedade mais justa.

A escola é de todos quando integra ações de todos em prol do coletivo.


DA TEORIA A PRÁTICA: REFLEXÃO E AÇÃO DE UMA GESTORA

Em 13 de julho de 1998, a Prefeitura do Rio de Janeiro, através da sua Secretaria de Educação, criou a função de Coordenador Pedagógico. Este foi um momento de desafio e também um grande passo para que as escolas se repensassem.

Neste ano ingressei como professora regente de uma classe de alfabetização na Escola Municipal Desembargador Montenegro, localizada na Vila Kosmos, no Rio de Janeiro, escola vinculada a 5ª Coordenadoria Regional de Educação.

Nesta época, a escola era de primeiro segmento do ensino fundamental, que atendia e atende ainda a crianças provenientes do Morro da Fé, Morro do Trem, Morro do Juramento, Conjunto Residencial do IPASE e adjacências.

São crianças de nível sócio-econômico baixo e com poucas oportunidades. Suas famílias sobrevivem de sub- empregos, sendo numerosas e carentes em todos os aspectos.

Naquela época, o prédio escolar apresentava sinais de agressões como pichações, depredações diversas e servia de depósito de lixo para os moradores da localidade.

O grupo de professores era pouco integrado e havia rivalidade entre eles, que se agrupavam por série.

Com a introdução do novo cargo veio também a exigência de se construir o Projeto Político Pedagógico.

Na elaboração do projeto a Coordenadora utilizou como base teórica o autor Danilo Gandim, dentre outros e ficou definido sobre três pilares: Marco situacional, Marco Doutrinal e Marco Operativo.

O Marco situacional descreve a realidade da escola.

Neste momento a escola ficou caracterizada como possuidora de alunos de classes populares, com pouco acesso a língua escrita e com professores detentores de bom potencial e que percebem a educação como deficitária, porém, todos acreditam que somente pela educação é que se poderá tornar a nossa sociedade mais justa.

O Marco Doutrinal nos diz como devemos agir para transformar a realidade que temos na realidade que desejamos ter.

Neste marco o homem foi colocado como sendo o elemento fundamental. Caberia a escola preparar este homem para atuar na sociedade. Para isso o professor deveria partir da realidade do aluno e trabalhar de forma criativa, prazerosa, sedutora e dinâmica.

O Marco Operativo é o que orienta a realização da ação.

Aqui se evidencia a necessidade de que todos trabalhassem de forma integrada, onde todos estivessem comprometidos com sua comunidade e com a dignidade humana.

Com a introdução do Projeto Político Pedagógico as primeiras articulações começaram a ocorrer. As reuniões promovidas com os diversos segmentos propiciaram uma maior aproximação entre as pessoas.

Na elaboração do projeto ficou evidente que nossos alunos tinham pouco acesso à leitura e a escrita e que precisariam de maior estímulo por parte dos professores.

Estes, entretanto, apesar do grande potencial que possuíam não o empregavam para buscar formas alternativas de trabalhos e a investir em novas metodologias. Ficavam presos a práticas tradicionais e utilizavam instrumentos como provas e testes para verificar a aprendizagem.

Apesar de terem definido que era função da escola formar pessoas íntegras e críticas para poderem atuar e modificar a sociedade, poucos investimentos foram feitos neste sentido.

Após todos os dados serem levantados e várias discussões terem acontecido com a participação dos vários segmentos o texto do projeto foi elaborado seguindo todas as orientações e submetido a apreciação do grupo que o aprovou.

Ao final de um ano de trabalho observamos que não houve acompanhamento dos objetivos propostos o grupo de professores ficou envolvido com sub- projetos que iniciavam e terminavam sem que houvesse uma articulação entre sub-projeto/ objetivos/ projeto.

Devido a falta de dinamização, acompanhamento e avaliação o Projeto Político Pedagógico da escola tornou-se mais um documento engavetado construído apenas com o objetivo de cumprir uma exigência de Secretaria Municipal de Educação.

Em 2001 assumi a direção da escola pelo processo de consulta a comunidade. Retomei o projeto. Fizemos uma nova análise do projeto e estabelecemos novos objetivos para que ele funcionasse, visto que ainda tínhamos a mesma realidade e os mesmos ideais.

Iniciamos resgatando a história da escola com o sub- projeto “Uma história de amor a Desembargador Montenegro”.


Através do Conselho Escola Comunidade, do Grêmio Estudantil e dos representantes de turmas (alunos e responsáveis) iniciamos o trabalho de resgate. Todos se empenharam em pesquisar dados sobre a escola, buscando a história do patrono, entrando em contato com ex-alunos, ex-professores e recolhendo objetos, fotos e relatos do passado, organizando encontros e entrevistas e em novembro, mês de fundação da escola, quando foi feita a culminância do projeto com a festa de aniversário sob o tema “Escola Municipal Desembargador Montenegro, 50 anos formando cidadãos”.

Nos anos seguintes o resgate continuou através dos sub-projetos “Uma Bandeira para a Desembargador Montenegro” e “Um hino de amor a Desembargador Montenegro”, onde o nosso principal objetivo era do de fortalecer laços e a identidade da escola.

Observamos nestes anos uma mudança radical com relação ao prédio escolar e com a disciplina dos alunos. A escola se tornou um ambiente agradável, limpo e bonito.

Esta trajetória, porém, não ajudou a reverter às estatísticas.

O índice de reprovação continuava alto, trinta por cento e era corroborado por grande número de alunos de baixa freqüência e evasão. Investimos muito na valorização da escola e pouco na valorização do aluno.

Precisávamos rever nosso caminhar, traçar novos objetivos, novas estratégias, uma maneira de atrair e manter nossos alunos na escola.

Então, contando com o Projeto Amigos da Escola, buscamos várias parcerias. Contatamos com ex-professores, ex-funcionários, professores aposentados, responsáveis por alunos para serem dinamizadores de uma série de oficinas, que variávamos ao longo do ano, como natação, dança, futebol, bijuteria, artesanato, xadrez, dama, pipas.

Introduzimos ainda reuniões periódicas com o grêmio, o Conselho Escola Comunidade e representantes de turma que trabalharam como divulgadores e incentivadores das oficinas.

Estas ações foram fundamentais para o estreitamento das relações entre todos os integrantes da escola.

Apesar destes investimentos, que os alunos adoraram, ainda sentíamos que precisávamos de algo mais.

Surge, então, o projeto “Ler e Escrever: o nosso desafio”.

Ainda nos utilizando dos Amigos da Escola começamos com rodas de leitura para os pais e alunos.

Utilizamos professores de apoio à alfabetização e a professora de sala de leitura para dinamizar leituras. As professoras introduziram a leitura semanal de livros para seus alunos.

Em 2005, primeiro ano do projeto Ler e Escrever, a escola passou de vinte e nove por cento de reprovação para vinte e seis por cento. No ano seguinte, 2006 para vinte por cento e, em 2007, terceiro ano do projeto, para onze por cento.

Acreditamos que estamos no caminho certo e nossa meta para 2008 é reduzirmos ainda mais este percentual.

CONSIDERAÇÕES:

Na atual sociedade, onde a diversidade e o pluralismo cultural são enormes, com certeza não existirão duas escolas iguais. Por isso, não se pode conceber uma escola sem autonomia e sem gestão democrática, pois estas garantirão a construção de um projeto político pedagógico, que guarda em si toda a singularidade e particularidades da escola e da comunidade na qual está inserida.

Sensibilizar e conscientizar, integrar e dividir responsabilidades, estabelecer diálogo claro com a comunidade levantando-se as deficiências existentes e incentivando uma ação comunitária serão sempre os princípios que nortearão a construção de um projeto político pedagógico e de uma escola democrática que eu com certeza garantirão um ensino de qualidade.

BIBLIOGRAFIA

FREIRE, Paulo. Política e Educação. 6ª edição. São Paulo. Cortez editora. 2001



PARO, Vitor Henrique. Gestão Escolar, Democracia e Qualidade de Ensino. São Paulo.Editora Ática.2007.



PERRENOUD, Philippe. A Pedagogia na Escola das Diferenças:Fragmentos de uma sociologia do fracasso. 2ª edição. Porto Alegre. Artmed editora.2001.



RIO DE JANEIRO (RJ). Secretaria Municipal de Educação. Multieducação: Núcleo Curricular Básico. Editora Rio Cidade Maravilhosa. 1996.



VIEIRA, Sofia Lerche (org.). Gestão da Escola: Desafios a Enfrentar.Rio de Janeiro. DP&A editora. 2002.



VEIGA, Ilma Passos e RESENDE, Lúcia Maria (org.). Escola: Espaço DO Projeto Político- Pedagógico. 9ª edição. São Paulo. Papirus editora. 2005.



VEIGA, Ilma Passos. Projeto Político Pedagógico da Escola: Uma Construção Possível. 2ª edição. São Paulo. Papirus editora. 2001.

quarta-feira, 24 de março de 2010

ESPAÇO DO EDUCADOR

A IMPORTÂNCIA DA VIVÊNCIA CIENTÍFICA NA FORMAÇÃO DOS
GRADUANDOS EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Everton José Fonseca da Silva
Luciana Mafra Leite
Orientador: Prof. Ms. Marcelo Paula de Melo


Resumo: Apresenta a importância da participação nos eventos científicos na formação dosestudantes do curso de graduação em Educação Física. Considera que os eventos científicos criam a possibilidade de interação entre os estudantes e os profissionais de várias áreas e favorece o acesso a novas informações. Os resultados apontam que os eventos científicos podem auxiliar no desenvolvimento da formação acadêmica dos estudantes.

Palavras-chave: Educação Física – Eventos científicos; Pesquisa; Aperfeiçoamento;

Abstract: Presents the importance of participation in scientific events in the training of graduate students Course in Physical Education. Considers that the scientific events create the opportunity for interaction between students and professionals from various areas and facilitates access to new information. The results show that the scientific events can assist in the development of academic training of students.

Key words: physical education - Events scientific, research, improvement;


INTRODUÇÃO


A área de educação física foi passando por intensas mudanças nos últimos 30 anos. Uma dessas mudanças foi à aproximação da área com a produção do conhecimento e a criação de programas de pós-graduação. Num primeiro momento isso se deu com a formação pós-graduada de muitos professores de educação física em outras áreas. Tanto nas áreas de ciências humanas como nas áreas de ciências biológicas, tem sido comum a realização de mestrados e doutorados por professores de Educação física e outras áreas. Na área de Humanas, em geral esse caminho se deu via mestrados e doutorados em educação. Posteriormente outras áreas como História, Sociologia tem sido alvo da atenção de professores de educação física para darem continuidade a seus estudos.

Conforme mostra Valter Bracht (2007), a educação física ainda encontra-se em processo de consolidação acadêmica. Isso se expressa no baixo número de programas de pós-graduação em educação física quando comparados com outras áreas.

Nesse sentido, assistimos à profusão de eventos científicos. Em áreas mais consolidadas os estudantes de graduação vão se inserindo nesse processo através de programas de Iniciação Científicas ao longo de seu curso e apresentando paulatinamente seus estudos. Na educação física isso ainda não é uma questão central do curso.

O objetivo desse texto é debater a relevância da vivência científica na formação da graduação em educação física. Para isso, iremos nos valer da experiência primeira de participação em eventos científicos de um grupo alunos da graduação em educação física da UNIABEU. Esse texto tem um pouco da conotação de relato de experiência.


DESENVOLVIMENTO


Os eventos científicos são uma fonte essencial na busca de novos conhecimentos, tem como finalidade reunir profissionais e estudantes de uma determinada especialidade para trocas de informações de interesse comum aos participantes. Para Campello (2000, p.62), os eventos científicos podem desempenhar diversas funções: encontros como forma de aperfeiçoamento de trabalhos científicos, uma vez que os trabalhos apresentados mudam substancialmente após apreciação nos eventos; encontro como reflexo do estado da arte, pois os trabalhos apresentados durante os eventos podem refletir o panorama da área e o perfil dos seus membros e encontros como forma de comunicação informal, pois as conversas informais com seus pares constituem parte importante dos eventos. Os eventos científicos assumem um papel de grande importância no processo da comunicação científica na medida em que a transmissão de idéias e fatos novos chega ao conhecimento da comunidade científica de maneira mais rápida que aquelas veiculadas pelos meios formais de comunicação.

É de extrema importância que os estudantes de Educação Física, participem de eventos científicos, pois isso mostra seu interesse na área além de valorizar este profissional no mercado de trabalho através dessa busca pelo conhecimento. Para Paiva (apud Mello, 1994) “conhecer é a forma mais competente de intervir, a pesquisa incorpora necessariamente a pratica ao lado da teoria, num processo de formação do sujeito crítico e criativo, que encontra no conhecimento a arma mais potente de inovação”.

Dentre as atividades pode-se destacar a importância da participação dos estudantes em eventos científicos e o que isso representa para a sua vida acadêmica e profissional. Kuh (1996,apud TACHIBANA; PAVANI; BARIANI, 2004, p.90) destaca que as atividades e experiências vivenciadas fora da sala de aula trazem inúmeros benefícios ao universitário, tais como maior segurança, auto-estima e valores altruísticos.

Notamos como a alegoria do mito da caverna de Platão nos serve para compreender como há um grande desconhecimento do conjunto dos estudantes da graduação em educação física de nossa universidade da relevância de se tomar parte de tais eventos.

O mito da caverna, de Platão, é a colocação mais clara para que possamos entender e responder esse questionamento. Então vamos a ele, segundo Alvarenga (2005, p.45), mito da caverna: A caverna representa o mundo terrestre e nós os "cavernosos" (ou habitantes da caverna). Neste contexto, situa o filósofo como aquele que consegue sair da caverna e ver a idéia como ela é no mundo superior. Temos o seguinte relato:

“Imaginemos um grupo de pessoas que nasceram, cresceram e vivem no interior de uma caverna subterrânea. Essas pessoas sempre estiveram de costas para a entrada da caverna, pois têm acorrentados seus pés e pescoço, de maneira que tudo que podem ver é a parede do fundo da caverna. A entrada fica numa parte alta da caverna; nessa entrada, situada no nível da estrada, existe um muro a meia altura. Por trás desse muro passam figuras de formas humanas, sustentando outras figuras que se eleva para além da borda do muro. Sombras são projetadas na parede da caverna, devido a uma fogueira queimando por trás dessas figuras. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. Como as pessoas estão ali desde que nascera, acham que as sombras que vêem projetadas na parede da caverna são as únicas coisas que existem” (IDEM, p. 47).

Podemos comparar então a faculdade com a caverna, por mais que o ensino da instituição seja o melhor possível, o graduando vai estar na caverna, sempre vai faltar algo. É necessário que os estudantes saiam da caverna e vão em busca da luz do conhecimento. A vivência científica na maioria das vezes é o que falta, é o que está do lado de fora da caverna.

Com a participação em eventos científicos os estudantes de Educação Física têm a oportunidade ainda que na graduação especializar-se em áreas de seu interesse no grande campo do curso. Quando o estudante procura se especializar, participando de eventos científicos ele tem a oportunidade de conhecer alunos e professores de outras instituições, mestres, doutores, profissionais renomados com quem poderão trocar informações para sua atuação profissional.

Com a vivência científica podemos nos qualificar melhor para nossa formação profissional e darmos um passo a frente com relação ao demais para um emprego melhor, ou até mesmo um status melhor. Um profissional que não procura participar de eventos científicos está sujeito ficar muito desvalorizado no mercado de trabalho, tornando assim mais difícil o seu acesso e permanência na área de atuação. Cada profissional é responsável pela sua formação, pois a universidade lhe dará o estudo necessário para que ele pesquise e se aprofunde em tais temas. A pesquisa deve ser fazer parte do dia-dia dos estudantes, não se deve encarar a pesquisa como coisa de gente sofisticada, ou somente de pessoas renomadas, já que os estudantes podem fazer parte das pesquisas tendo assim uma visão mais crítica sobre os diversos assuntos. Dessa maneira, necessário que os alunos expressem de uma maneira mais formal o conteúdo que lhe foi passado e assim desenvolver uma maneira interpretar, desenvolver e formular para se tornar uma pessoa mais crítica.

A vivência científica nada mais é que: a troca de conhecimentos, oportunidades de fazer contatos, oportunidades de abrir horizontes, oportunidades de trabalhos. Na vivência científica você descobre áreas de atuação que você nem imaginava existir ou você não imaginava que abrangia a sua área. Você tem idéias de pesquisas, idéias de teses. La você começa a desenvolver o hábito da pesquisa, da leitura; Você começa a conhecer autores e deles tirar proveito para si de seus inúmeros textos. Para TANI (2007) Mudanças sociais, tais como o conhecimento cada vez mais promovido sobre a importância e promoção da saúde, está intimamente ligada às atividades físicas. São criadas novas alternativas de emprego para os profissionais de Educação Física como: academias de ginásticas, centros de saúde, hotéis, agências de eventos, etc. Neste cenário, cabe à Educação Física, ocupar, vincular, ou não, a prática de atividades físicas. Disso dependerá a qualidade dos serviços oferecidos na área, que está diretamente relacionada à qualidade de formação profissional.

Enfim são vários os benefícios, poderia ser escrito em páginas e mais páginas. Mas a intenção não é que você acredite na importância lendo, mas sim, vivenciando.

Com a participação em eventos científicos os estudantes de Educação Física têm a oportunidade ainda que na graduação especializar-se em áreas de seu interesse no grande campo do curso. Quando o estudante procura se especializar, participando de eventos científicos ele tem a oportunidade de conhecer profissionais renomados com quem poderá trocar informações para sua atuação profissional, e ver de perto como se desenvolve um trabalho e como ele vai ser apresentado. Tudo isso o ajudará num futuro bem próximo quando for a vez do mesmo está apresentando sua própria pesquisa. Isso significa que o graduando participando de eventos desse tipo estará sendo educado para a pesquisa científica dentro da área de conhecimento, e como diz Demo P (2003, pag10) “A educação pela pesquisa consagra o questionamento reconstrutivo, com qualidade formal e política como traço distintivo da pesquisa. Numa parte é mister superar a visão unilateral de considerar como pesquisa apenas seus estágios sofisticados, representados pelos mestres e doutores”.

Nada disso é possível se os estudantes de educação física participem dos eventos científicos. Participando, eles com certeza terão uma visão mais critica e mais argumentos e assim ficará visado com bons olhos por outros profissionais tanto na área da saúde quanto na área da educação, pois o educador físico deve-se valorizar no mercado e a melhor maneira de isso acontecer é com a participação nos eventos científicos. Por isso os estudantes não devem ficar aprisionados na caverna e com correntes, deve-se libertar e ir a busca de conhecimento, vá em busca do que de melhor sua profissão pode te oferece. VALE MUITO A PENA!

Nosso primeiro congresso foi o X Seminário o lazer e debate, em Minas Gerais, Belo Horizonte. Quando chegamos lá nos surpreendemos, não imaginávamos que seria tão bom quanto foi. Lá podemos conhecer pessoas de vários estados do Brasil, interagir com diversos pesquisadores por qual interessamo-nos por várias pesquisas e pensamos um dia em apresentar nossa pesquisa também. Inclusive podemos interagir com um pesquisador que estávamos estudando e isso nos deu um entusiasmo maior em ler os livros e textos dos autores para tirar dúvidas e fazer críticas sobre o que foi lido.

Essa experiência com certeza nos deu mais vontade de participar dos eventos científicos, e iniciar pesquisas para aprofundar nosso conhecimento e buscar novos conhecimentos com professores, mestres e doutores renomados no campo da Educação Física.

Conclusão

Diante disso, concluímos a necessidade da graduação em educação física perspectivar a participação constante dos alunos nos eventos científicos. O incentivo se dá em programas de Iniciação científica, realização de eventos como este que agora está ocorrendo, o apoio institucional como o tivemos no caso do X seminário O Lazer em debate.


Referências bibliográficas


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CAMPELLO, Bernadete Santos. Encontros científicos. In: CAMPELLO, Bernadete Santos; CENDÒN, Beatriz Valadares; KREMER, Jeannette Marguerite (Org.). Fontes de informação para pesquisadores e profissionais. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000.

DEMO, Pedro – Educar pela pesquisa/Pedro Demo – 6 ed. – Campinas, SP: Autores Associados, 2003. – (Coleção educação contemporânea)

PAIVA V (Org.). 1994. Transformação produtiva e eqüidade - A questão do ensino básico. Papirus, Campinas. MELLO, G. N. 1993. Cidadania e competitividade, Cortez, São Paulo.

TANI, Go. Avaliação das condições do ensino de Graduação em Educação Física: Garantia de uma formação qualidade. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. São Paulo, V. 6, nº 2, p. 55-70, 2007.

terça-feira, 16 de março de 2010

II ENCONTRO HUME

II Encontro Hume
Posted: 14 Mar 2010 02:50 PM PDT

O Encontro Hume visa a consolidar o campo da reflexão filosófica e o estudo da filosofia de David Hume no âmbito dos estudantes de graduação, mestrado e doutorado. O I Encontro aconteceu em Outubro de 2008 no IUPERJ e contou com a apresentação de 18 trabalhos de estudantes de diversos estados, entre os quais São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Fortaleza, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, além dos professores Renato Lessa e César Kiraly (IUPERJ), Lívia Guimarães (UFMG) e Paulo Tunhas (Universidade do Porto, Portugal).
O II Encontro Hume acontecerá nos dias 19, 20 e 21 de maio de 2010 na UFPR em Curitiba. Os palestrantes convidados são: Eduardo Barra (UFPR), Isabel Limongi (UFPR), José Oscar de Almeida Marques (UNICAMP) e Lívia Guimarães (UFMG).
Haverá inscrições para apresentação de comunicações (graduandos, mestrandos e doutorandos) e para ouvintes.
Para apresentar uma comunicação o proponente deverá enviá-la para o e-mail encontrohume@gmail.com juntamente com os seguintes dados

• •Nome
• •E-mail
• •Endereço e telefone
• •Título do trabalho
• •Resumo com no máximo 300 palavras
• •Instituição de origem e titulação
• •E realizar o pagamento da taxa de inscrição no valor de R$ 15,00
A data limite para o envio dos resumos é 30 de março de 2010 e o resultado será divulgado no dia 05 de abril.
Os ouvintes deverão enviar os seguintes dados para e-mail encontrohume@gmail.com

• • Nome
• • Email
• • Endereço e telefone
• • E realizar o pagamento da taxa de inscrição no valor de R$ 15,00.
O pagamento da inscrição deverá ser feito através de depósito bancário na conta corrente de Anice Lima de Araújo: nº 10948-7, Agência nº 3610-2 (Banco do Brasil) O comprovante deverá ser enviado para o email encontrohume@gmail.com (sugerimos scanner, foto ou o comprovante emitido pelo banco on-line) até o dia 30 de março.
Haverá entrega de certificado para os apresentadores de comunicação e ouvintes devidamente inscritos.
Organização:
André Olivier (UNISINOS)
Andrea Cachel (IFPR)
Anice Lima (Grupo Hume UFMG/CNPq)
Marcos Balieiro (USP)
Rogério Mascarenhas (UFBA)
Promoção: UFPR
Post from: Estudos Humeanos

quinta-feira, 11 de março de 2010

Professora Christiane Maria Costa Carneiro Penha



Mestranda em Psicologia Social na Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO / Niterói. Formação de Psicólogo pelo Centro Universitário Celso Lisboa (2000); especializações em Terapia de Família e Psicopedagogia pela Universidade Cândido Mendes (2000/ 2001); Especialização em Psicossomática pela Universidade Gama Filho (2006); Formação em Psicomotricidade Sistêmica pelo CEC. É docente da disciplina de Psicossociologia do Trabalho no curso de Tecnólogo em Segurança do Trabalho, Docente da disciplina de Liderança no curso de Administração de Empresas, Docente de logística Hospitalar no curso de Gestão Hospitalar, e docente de Língua Brasileira de Sinais nos Cursos de Licenciaturas em Pedagogia, Letras e Matemática da Faculdade Gama e Souza .Docente de Didática I, Aspectos Filosóficos da Educação e Língua Brasileira de Sinais nos cursos de Ciências Matemáticas e Educação Física da UniAbeu. Professora articuladora de Gestão Pedagógica da Creche Tio Sebastião Xavier da Secretaria Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro- 5a.CRE. `Professora das Classes de Deficientes Auditivos e Deficinetes Intelectuais do Instituto Helenena Antipoff na Escola Municipal Cecília Meireles( 2007-2009), Docente de Libras no curso de capacitação de psicólogos no Espaço Percepção, Professora voluntária do ensino de LIBRAS para portadores de Surdocegueira do Instituto Benjamin Constant; Professora do Curso Extra-Curricular de LIBRAS da Faculdade Gama e Souza. Atualmente é Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia pelo Instituto A Vez do Mestre da Universidade Cândido Mendes(2009), e Pós Graduanda (Lato Sensu) do Curso de Libras e Educação Especial no Instituto Eficaz.Coordena e orienta pesquisas em Língua Brasileira de Sinais no Laboratório de Projetos de Qualificação em Libras, no espaço acadêmico da Faculdade Gama e Souza, voltado para a instrumentalização bilingue dos trabalhos de término de curso-TCC. É autora dos projetos Reengenharia Escolar, Oficina de Culinária, Aluno Monitor, Semear e Colher, Comunicando em LIBRAS, Encantos de Cecília Meireles, Oficina de textos para a educação especial, Capacitação das turmas do sexto e nono ano do ciclo em lingua de sinais brasileira, e Projeto Gestor de Qualificação profissional para o portador de necessidades especiais ( Projetos aprovado pelo Instituto Helena Antipoff). Autora de Capítulo Título: Professor Itinerante da Educação Especial no Livro Título "Com a palavra os professores do Brasil", Editado pela Litteris Editora, ano 2009. Autora de quatro capítulos no livro "Laboratório de Projetos de Qualificação em Libras", editado pela Quártica Editora, Rio de Janeiro, 2009. Organizadora do livro "Diferentes Contextos em Educação: Encontros e Adaptações, Rio de Janeiro, editado pela Quártica Editora, 2009.

Acadêmicos em Ação





A arte de aprender para ensinar


Jorge da Silva Roque
Estudante de Educação Física-UNIABEU
Representante de turma

Minha vida até os 30 anos sempre foi direcionado em ensinar aos outros, mesmo que fosse leigamente. Desde os 7 anos sempre tive um trabalho religioso como músico ou como um comunicador. Comecei a trabalhar muito cedo. Aos 15 anos fui convidado a trabalhar em uma academia como secretário, que depois de uns treis meses já estava sendo instrutor de musculação. Mesmo sem formação acadêmica o professor e empresário desta academia, Sérgio, me designou a este cargo, embora era secretário comecei a fazer amizades com todos os alunos, devido gostar de me comunicar com os outros. Fiquei neste cargo por 9 anos, graças a Deus e com muito sucesso.
A vontade de crescer profissionalmente bateu mais forte em meu peito, vim morar aqui no Rio de Janeiro em 2002, não tendo sucesso. Com acontecimento de vários fatos fiquei indo e vindo de Minas, até que em 2007, fiz a prova do ENEM, cadastrei-me em uma bolsa de estudos na UNIABEU. Obtive notas otimas no ENEm, mesmo estando a anos sem estudar e fui contemplado com uma bolsa integral na UNIABEU. Ingressei-me com toda a força e coragem mesmo sem estar trabalhando. Recebi apoio de minhas irmãs, Luzia e Terezinha de meu cunhado Haroldo, e de meus sobrinhos Washington, Monalisa, Luciana e Alisson.
Ao chegar na Faculdade, não conhecia ninguém, fui para a sala timidamente, como um animal acuado. Tive que me aprensentar, deixei a vergonha de lado, e falei quem eu era e o motivo de estar ali. Menos do que esperava, já obtive o resultado, zomecei a me entrosar. Me elegeram como representante de turma, fiquei abalado no momento mas, não me esitei, disse sim.
Ao relembrar deste fato, vejo que já se passaram dois anos de muitas experiência nesta missão com minha turma. Aprendi muitas coisas, mas ensinei também. Não recebi nenhuma queixa até hoje, somente elogios, que fazem querer ser ainda mais, um profissional que não almeja crescer somente a si mesmo, mas também ajudar aqules que querem crescer também.
Estou começando a estagiar em uma escola de educação especial. Várias pessoas opninaram este respeito. Eu apenas escutava. Não fiz julgamentos precipitadamente, apenas queria ou melhor, quero ensinar e aprender com eles. No primeiro dia de contato com os alunos em sala de aula, foi otimo. Em uma turma de deficientes auditivos eles disseram que iriam me identificar pelas transas que uso, como relatou a professora, fiquei maravilhado como o carinho. Aqueles olhos fitos em mim, querendo saber quem sou, que dia que iria começar as aulas, me comoveu, fiquei comos olhos cheios de lágrimas. Não comecei ainda devido a certa burocracia. Mas estou rezando para que eu não sai desta escola, para que possa realizar este trabalho, para obter um crescimento profisional ainda melhor. Já estou tentando encontrar um jeito de fazer um curso de libras, é um projeto que quero realizar. Para aprender a conversar com eles.
Sei que tudo que estou vivendo e irei viver na minha profissão, não será fácil. Mas deixo um recado a você que está lendo este artigo, se tu amas o que faz assim como eu, não verás obstáculos apenas um caminho a seguir. Ser professor não é uma profissão, mas sim uma vocação.

terça-feira, 9 de março de 2010

SURDOS, MAS NÃO INVISÍVEIS
Dia Nacional dos Surdos tem passeata em Niterói

Raquel Junia/fazendomedia.com

"O surdo não é mudo. As mãos falam"

Por Raquel Junia - raquel@fazendomedia.com

No Dia Nacional dos Surdos eles provam que não são mudos. O centro de Niterói presenciou na tarde de anteontem, dia 26 de setembro, uma passeata de pessoas com deficiência auditiva, familiares e amigos. Cerca de 100 pessoas, entre crianças e adultos, carregavam faixas e cartazes. As palavras de ordem - escritas - gritavam o orgulho surdo, a necessidade de conhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e a importância do intérprete.



A passeata foi organizada pela Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (Apada) de Niterói. Um megafone explicava às pessoas o objetivo da manifestação: os surdos devem ter direito à identidade e à cultura como quaisquer outros brasileiros e brasileiras. Os manifestantes saíram da sede da Apada, no bairro de São Domingos, e foram até a Praça Araribóia, no centro da cidade.

Luciane Rangel Rodrigues, de 39 anos, possui deficiência auditiva e é diretora da Apada.



Para ela, a sociedade precisa aprender a respeitar e a valorizar os surdos. "As pessoas precisam conhecer a língua de sinais. Os filmes, novelas, telejornais precisam ter legenda", diz.

Raquel Junia/fazendomedia.com

E a sociedade, é cega?
Sobre as propagandas políticas teoricamente adequadas aos surdos, ela questiona: "não são todas as propagandas que têm legenda e na maioria delas não é possível entender nada. Contratam qualquer intérprete sem se preocupar com a qualidade". Ana Paula Reis é deficiente auditiva parcialmente e é quem ajuda a repórter a compreender o recado de Luciane. Ana Paula acrescenta: "O intérprete fica tão pequeno na tela que não dá para entender".

Luciane vestia uma camiseta com os dizeres: "Legenda para quem não ouve, mas se emociona!". A camiseta faz parte da campanha pela legenda nos filmes nacionais e também pela adequação das peças teatrais para a população com deficiência auditiva. Um projeto de lei do deputado federal Luiz Antonio Fleury (PTB/SP), de 2004, dispõe sobre as inovações, mas ainda não foi aprovado. A campanha disponibiliza na página eletrônica www.legendanacional.com.br o projeto de lei e também um abaixo-assinado pela aprovação do mesmo.

"O surdo não é mudo, as mãos falam. Se eles conseguem expressar o pensamento, então eles falam", declara Telma Regina, professora da Apada. Ela tem uma filha com deficiência auditiva e acredita que uma das conquistas essenciais para os surdos é o acesso irrestrito à educação. "Educação para todos é apenas mais um jargão. Na verdade, não existe educação para todo mundo", diz.

Raquel Junia/fazendomedia.com

Os surdos querem que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) seja conhecida
A Apada atende a crianças de zero a sete anos de idade, surdos ou ouvintes parentes de surdos. Depois dessa idade as crianças são encaminhadas para outras instituições. Segundo Telma, as oportunidades de ensino superior para surdos têm aumentado, mas, majoritariamente em instituições privadas. Logo, apenas uma minoria de deficientes auditivos têm acesso.

Em Niterói, a única instituição de ensino superior pública, a Universidade Federal Fluminense (UFF), não oferece cursos para pessoas com deficiência auditiva. Já a Universidade Salgado de Oliveira (Universo), uma instituição de ensino privada, oferece vagas desde que paguem, além da mensalidade convencional, uma taxa adicional destinada ao intérprete. Outra universidade privada procurada pelo Fazendo Media, a Universidade Estácio de Sá, afirmou que não oferece condições para esses alunos estudarem, mas que eles podem se matricular e levar seus próprios intérpretes sem que tenham que pagar por isso.

Em outubro terá início um curso à distância de graduação em Letras e Libras para surdos e intérpretes em instituições públicas de ensino superior. De acordo com informações do Ministério da Educação (MEC), nove instituições oferecerão o curso - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do Ceará (UFCE), Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de Goiânia, Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade de São Paulo (USP).

Raquel Junia/fazendomedia.com

Luciane Rangel pede que as pessoas assinem o abaixo-assinado pela aprovação do projeto de lei
Serão oferecidas 500 vagas, o curso terá a duração de quatro anos e o certificado será emitido pela UFSC. Luciane considera o curso um avanço, mesmo não sendo presencial e questiona porque a UFF, bem mais perto deles, não oferece cursos para os surdos.

Outro grande problema enfrentado pelas pessoas com deficiência auditiva está relacionado ao trabalho. "Os jovens com surdez profunda tem muita dificuldade para conseguirem emprego", conta Marlene Martins, mãe de Viviane, que também é surda. A mãe tem uma avaliação positiva sobre a visibilidade que a luta dos surdos alcançou ao longo do tempo. "No início (há aproximadamente 30 anos) era muito mais difícil, as pessoas não apoiavam e achavam que eles (os surdos) eram malucos", comenta.

Chegando ao destino da passeata, os manifestantes se preparam para uma foto e expressam "malucamente", com voz e gestos, a frase: "Aha, Uhu, viva a diferença!"...




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quinta-feira, 4 de março de 2010

Está na WEB





Asteroide acabou com dinossauros, afirmam cientistas
Meteoro de 15 km de diâmetro caiu no México há 65 milhões de anos e extinguiu período Cretáceo-Terciário



KATE KELLAND - REUTERS



Reuters/NASA

Novo estudo confirma hipótese de cientistas
LONDRES - A colisão de um asteroide gigante contra a Terra é a única explicação plausível para a extinção dos dinossauros, disse uma equipe de cientistas na quinta-feira, 4, esperando encerrar uma discussão que há décadas divide os especialistas.

Um grupo de 41 pesquisadores de todo o mundo reviu 20 anos de pesquisas para tentar confirmar a causa da chamada extinção do Cretáceo-Terciário (KT), que criou um "ambiente infernal" há cerca de 65 milhões de anos e extinguiu mais de metade de todas as espécies da época.

Além do asteroide, outra possibilidade cogitada era a atividade vulcânica na atual Índia, onde uma série de supererupções durou 1,5 milhão de anos.

O novo estudo, publicado na revista Science, mostrou que a culpa pelo fim dos dinossauros é de um asteroide de 15 quilômetros de diâmetro que caiu em Chicxulub (México). "Isso desencadeou enormes incêndios, terremotos medindo mais de 10 na escala Richter e deslizamentos continentais, que criaram tsunamis", disse Joanna Morgan, do Imperial College londrino, coautora do estudo.

A colisão teria liberado uma energia 1 bilhão de vezes mais poderosa que a bomba atômica de Hiroshima.

Segundo Morgan, "o último prego no caixão dos dinossauros" ocorreu quando o material da explosão voou para a atmosfera, envolvendo o planeta na escuridão e causando um inverno global ao qual muitas espécies não conseguiram se adaptar.

Os cientistas analisaram o trabalho de paleontólogos, geoquímicos, climatologistas e geofísicos. Com base nos registros geológicos, eles descobriram que na época da grande extinção houve uma rápida destruição dos ecossistemas marinhos e terrestres, e que o asteroide "é a única explicação possível para isso".

Peter Schulte, também autor do estudo, da universidade alemã de Erlangen, disse que os registros fósseis mostram claramente uma extinção em massa há cerca de 65,5 milhões de anos - época conhecida como fronteira K-Pg.

Apesar das evidências de vulcanismo ativo na Índia, os ecossistemas marítimos e terrestres só mostraram mudanças limitadas nos 500 mil anos prévios à fronteira K-Pg, sugerindo que a extinção não ocorreu antes e não foi motivada pelas erupções.

Gareth Collins, outro coautor do Imperial College, disse que a colisão do asteroide criou um "dia inferno" que marcou o fim do reinado de 160 milhões de anos dos dinossauros - mas também acabou sendo um grande dia para os mamíferos.

"A extinção KT foi um momento-chave na história da Terra, o que acabou abrindo caminho para que os humanos se tornassem a espécie dominante na Terra", escreveu ele no estudo.
Tags: CIENCIA, ASTEROIDES, DINOSSAUROS* O que são TAGS?

Curso de ASL e Sinais Internacionais pela Internet, à distância

Oi surdos, ouvintes, todo mundo!

Vejam que novidade bacana: Curso de ASL e Sinais Internacionais pela Internet, a distancia. Sai mais barato (voce nao gasta passagem, nao gasta com alimentacao etc) e pode estudar na sua casa, com conforto, na hora que quiser e que puder.

Veja em

http://www.youtube.com/watch?v=67NqBW8xZmk

Abraços,

Nelson

Educação e Educadores

ANAIS DO XIII SEMINÁRIO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

TEMA : EDUCAÇÃO SEXUAL



Título: Educação Sexual: Utopia ou uma conquista possível.

Autor: Clerian da Silva Pereira

Orientadora Educacional

Colégio de Aplicação Dom Hélder Câmara

Modalidade: Comunicação Oral

clerianpereira@hotmail.com



A sexualidade, como possibilidade e caminho de alongamento de nós mesmos, de produção de vida e existência, de gozo e de boniteza, exige de nós essa volta crítico-amorosa, essa busca de saber de nosso corpo. Não poderemos estar sendo, autenticamente, no mundo e com o mundo, se nos fechamos medrosos e hipócritas aos mistérios de nosso corpo ou se os tratamos, aos mistérios, cínica e irresponsavelmente.

(Paulo Freire)




Entre tantos desafios enfrentados por pais e educadores neste final de século as questões relacionadas à vivência da sexualidade na infância e na adolescência têm recebido destaque. Há um mal estar instalado nas famílias, nas escolas e na sociedade quando a discussão é o que fazer com crianças e adolescentes que estão se defrontando com seus próprios desejos e sentimentos: envolvidos por um contexto sócio-cultural marcado pela exacerbação do erotismo, pela banalização das relações e pela coisificação do corpo e da pessoa.

Estamos lado a lado com nossas crianças, consumindo sexo por meio de revistas, filmes, programas infantis ou não, por meio da música e da dança. Sendo assim os profissionais da educação e a família, através do seu relacionamento pessoal e profissional, precisam proporcionar um ambiente saudável, onde o aprendiz organize estas informações recebidas. Educar e educar-se afetivamente e sexualmente, contribui para formar homens e mulheres livres e responsáveis.

Entre os adultos encontramos muito constrangimento em lidar com a sexualidade. Por que tanta vergonha e falta de recursos internos para reagir positivamente às perguntas e manifestação da sexualidade infantil? Por que reações omissas ou mentirosas que vão do “fingir que não ouvi e vi” à ameaça de que a criança vai “se machucar ou pegar bichinhos e sujeira se colocar a mão lá ou se beijar na boca”.

Nesse momento, na verdade, somos fisgados por fantasmas e equívocos, que colocam muitas sombras em nosso bem viver. Boa parte de nós ainda é refém de medos e preconcceitos associados a sexo. Queremos muito – e às vezes até achamos que chegamos lá – conseguir lidar com ele de modo tranqüilo e natural, sem angústia ou receios, como qualquer outro tema intrínseco à vida e que abordamos em nosso dia-a-dia sem ter que repetir as atitudes repressivas que normalmente tivemos como modelo.

Penso que essas constataçôes contraditórias e intrigantes também encontram respostas aí, na nossa fragilidade e confusão, na nossa alienação, resultados de uma sociedade autocentrada, embrutecida, que usa o consumo para aplacar suas angústias e que, portanto, já não sente ou pensa – simplesmente vai no vai-da-valsssa do automatismo.

Estamos falando de um processo maior de manipulação, que alimenta uma subjetividade que sustenta o distorcido processo que vivemos de banalização da sexualidade e que nos dá a ilusão de que vivemos um autêntico e legítimo momento de liberação sexual. Como vemos, assumir novas posições e resgatar o tempo e sentimento perdidos é preciso.

Percebemos em nossa prática que a sexualidade é tema freqüentemente vivenciado e discutido por alunos e professores nas escolas, se não formalmente, em programas de educação sexual ou em aulas de ciências ou biologia, informalmente, nas conversas e relacionamento entre estudantes no cotidiano da escola e nas reuniões pedagógicas dos docentes. O interessante sobre sexualidade no contexto escolar reforça a característica multidimencional do processo ensino-aprendizagem, mostrando que o desenvolvimento cognitivo do individuo é estreitamente relacionado e, portanto, influenciado por seu desenvolvimento pessoal e social, no qual a sexualidade e afetividade têm papéis fundamentais.

A partir de nossa prática, não é difícil constatar que a prioridade, ou seja, a nossa primeira ação dentro de nossa instituição, é na direção de sua opção por retirar a sexualidade da clandestinidade, fazendo com que a orientação sexual deixe o currículo oculto e seja inserida no seu currículo oficial desde a educação infantil, sabendo que esse trabalho é complementar ao da família – precisamos respeitar os princípios religiosos e familiares que os educandos trazem – e não se reduz a falar das diferenças genitais ou somente abordar a questão pelo prisma biológico nas aulas de ciências. Falar de sexo e sexualidade é também falar de gênero, de emoção, de política, de prazer, de história, de culturas, enfim, de cidadania.

A ação seguinte, realizamos um trabalho de “bastidores”. Onde a equipe do colégio e os professores precisam ser preparados, instrumentalizados para que a promoção do trabalho seja garantida.

Além de capacitações, é oferecido a estes professores tempo para troca e reflexão a partir de um trabalho que integre informações e emoção, para que alterações concretas aconteçam. Ter acesso a conhecimento e informações, por si só, não transformam o comportamento. Principalmente quando o assunto envolve valores, tabus, crenças religiosas etc... O objetivo não é “ensinar ou fazer o professor entender na marra” . É um trabalho muito mais de acolhimento que abrirá possibilidades de ressignificação por parte dos adultos envolvidos, pois pretendemos que, através de um processo de formação permanentes, eles desenvolvam recursos internos que lhes dêem subsídios técnicos e emocionais para que se coloquem cada vez mais com espontaneidade e clareza, com segurança e coerência, construindo uma visão gradativamente mais favorável e realista sobre a sexualidade.

A terceira ação desenvolvida pelo colégio, é trabalhar junto a profissionais de saúde que oferecem palestras para os alunos, respeitando a faixa etária e amadurecimento dos educandos. Os temas são definidos junto à equipe técnico-pedagógica, após sessões de classe com a orientação educacional.

Em relação às nossas pequenas crianças, não é difícil observar reações menos estereotipadas e mais espontâneas, de acordo com o desenvolvimento natural da sexualidade infantil, e menos ansiedade, já que suas noções sobre sexo começam a ser construídas numa base que tem como referência respostas verdadeiras e conseqüentemente um vínculo de confiança e esclarecimentos que confirmam ou não as hipóteses que criam sobre o tema – sim, porque crianças desde muito pequenas já pensam e confabulam sobre sexo – evitando a fixação em fantasias que se transformarão, provavelmente, em crença equivocadas.

Além disso, uma série de princípios valores como respeito ao próximo corpo e ao do colega, sexo ligado a amorosidade, aconchego, privacidade, intimidade e questionamento de estereótipos sexuais estarão sendo vivenciados em seu cotidiano, e, finalmente, verbalizados!

Na verdade, o silêncio e a passividade, de nossa parte, abrem cada vez mais as portas para que “tiazinhas e feiticeiras” sejam orientadoras sexuais, por excelência, de nossos filhos e alunos que perdem, a cada investida tão bem articulada da mídia, por exemplo, a oportunidade de construírem noções relativas a sexo a partir de uma crítica madura e consciente evitando, assim, que sejam presas fáceis.

Finalizo questionando a todos nós: o que vamos continuar fazendo com a nossa responsabilidade de formar cidadãos por inteiro?



Referências bibliográficas:

AQUINO, J.G.(org.). Sexualidade na escola. São Paulo: Summus, 1997.

FREIRE, J. et al. O desafio ético. Rio de janeiro: Garamond, 2000.

GTPOS. Sexo se aprende na escola. São Paulo: São Paulo: Pingo D’ Água, 1995.

RIBEIRO, M. Menino brinca de boneca? Rio de Janeiro: Salamandra, 1990.

_______, Mamãe, como eu nasci? Rio de janeiro: Salamandra, 2000.

SUPLICY, M. Papai, mamãe e eu. São Paulo: FTD, 1993.

VERGUEIRO, F. V. Quem é o lobo? Boletim GTPOS. São Paulo, n. 18, jan./abr. 2000.