segunda-feira, 5 de novembro de 2012

'Ser e Tempo', de Martin Heidegger, é tema de debate

Por Felipe Cherubin - especial para o 'Estado'. O tratado do pensador alemão é parte do conjunto das grandes obras filosóficas do século 20. (Reprodução)>>
O filósofo alemão Martin Heidegger O caderno Sabático, do jornal O Estado de S. Paulo, a Editora Unicamp e a Livraria da Vila promovem nesta terça-feira, 6, o lançamento do livro Ser e Tempo, do filósofo alemão Martin Heidegger (1889- 1976) com um debate do qual participam o tradutor Fausto Castilho, o editor Rinaldo Gama, do Sabático, e o repórter especial Antonio Gonçalves Filho. O tratado Ser e Tempo, que chega em tradução bilíngue (coedição Editora Unicamp e Vozes), é parte do conjunto das grandes obras filosóficas do século 20. Mesmo inacabado, não impediu Heidegger "que viesse a tratar fora do plano de um tratado, como escrito avulso, muitos dentre os temas que constariam da segunda parte não redigida", como bem explica Fausto Castilho, que foi aluno do próprio Heidegger, de Merleau-Ponty, Piaget e Bachelard. A obra trata da questão do Dasein. Heidegger pretende repropor a chamada questão-do-ser já formulada pelos gregos. Nessa obra, a interrogação é formulada a partir da análise ontológica de um ente "exemplar", que tem por isso a função de ontologia fundamental. Esse ente exemplar é denominado por Heidegger de Dasein. É, portanto, a velha questão grega, o que é o ser?, que o filósofo crê ter sido feita incorretamente ao longo da história da filosofia. Em sua ontologia, propõe-se a diferenciar ser de ente - levando em conta a questão da temporalidade - para , então , recolocar de forma correta a pergunta radical de Leibniz (1646-1716): "Por que há algo em vez de nada?" A obra traz ainda reflexões sobre a angústia, a morte e a técnica, tendo influenciado o pensamento de filósofos como Jean-Paul Sartre, Hannah Arendt e Paul Ricoeur. Herdeiro intelectual de Franz Brentano (1838-1917) e Edmund Husserl (1859-1938), que vinham à esteira do renascimento aristotélico promovido por Adolf Trendelemburg(1802-1872), Heidegger, lembra Castilho, "preconiza desde cedo uma interpretação original de Aristóteles em sua tese por muito tempo conhecida como Relatório Natorp, que lhe valeu em 1923 a nomeação como professor extraordinário em Marburgo". O dilema entre "tecnofilia" e "tecnofobia" e as desilusões quanto ao caráter da ciência como uma panaceia universal haviam sido tratadas pelo aluno de Brentano, Edmund Husserl - por sua vez professor de Heidegger- em Krisis, espécie de manifesto contra a corrosão dos valores pela técnica. Crise, aliás, preconizada por Nietzsche. Sobre essas influências, Castilho observa que "a de Husserl sobre Heidegger é mais do que ostensiva", não ocorrendo o mesmo no caso de Nietzsche, "já que essa relação direta e mais intensa com ele só acontece tardiamente, entre 1936 e 1940, durante a guerra e no momento preciso em que os nazistas procuram conferir àquele autor a condição de ideólogo preferencial do nazismo." Por sua vez "não é de modo algum clara qual seja a parte que Nietzsche pode ter tido na elaboração dos conceitos próprios de Heidegger, antes, e depois de Ser e Tempo". SER E TEMPO Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915). Tel. (011) 3814-5811. Lançamento e debate terça, 06, às 18h30. FONTE http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,ser-e-tempo-de-martin-heidegger-e-tema-de-debate,955875,0.htm

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